terça-feira, 17 de março de 2020

ASSEMBLEIA NACIONAL DO CONSELHO PASTORAL DOS PESCADORES - ELEGE NOVA DIRETORIA E CONSELHO FISCAL.


Ação Pastoral por uma Ecologia Integral, à luz do Sínodo da Amazônia e das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil.


Participantes da Assembleia do CPP Nacional - Luziânia, 06/03/2020

Foram eleitos na manhã de hoje (06/03), durante a Assembleia Nacional do Conselho Pastoral dos Pescadores, a nova presidência e secretariado do CPP Nacional, que estarão à frente da pastoral no próximo triênio. Para a função de Presidente do CPP, foi reeleito o bispo de Brejo (MA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Social Transformadora da CNBB, Dom José Valdeci Mendes. Para vice-presidente foi eleito o bispo de Cametá (PA), Dom José Altevir da Silva.
O tema da Assembleia, “Ação Pastoral por uma ecologia integral, à Luz do Sínodo da Amazônia e das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora no Brasil”, foi lembrado pelo presidente reeleito, que na sua fala de posse, apontou a importância do espírito sinodal e da esperança. “Trabalho, a gente tem muito. Tem tantas e tantas atividades, mas a gente encontra tempo, força e esperança, porque estamos lutando também por uma causa justa. Como diz o profeta Ezequiel, o compromisso é com o direito e com a justiça que vem de Deus. É com esse propósito que acolhemos a cada um e a cada uma e que nós queremos caminhar junto fazendo esse propósito, renovando o nosso compromisso e rezando para que de fato a Graça de Deus esteja presente na nossa vida e que possamos caminhar pelo espírito sinodal”, defendeu o bispo D. José Valdeci.

Omesita Barbosa - Sec. Executiva e Dom Valdeci Mendes - Presidnete.
A atual secretária-executiva, Ormezita Barbosa, foi reconduzida ao cargo e dentre as novidades desta nova gestão para os próximos três anos, está a implementação de três secretarias temáticas:  Direitos e Organização, Economia Solidária e Território e Meio Ambiente. A ideia é que as secretarias possam auxiliar no processo de articulação política e de assessoramento dos regionais. Para os cargos de secretários temáticos foram eleitos: na secretaria de Direitos e Organização, o agente do Espírito Santo, Francisco Nonato; já o agente do CPP Piauí, Marcelo Apel, foi eleito para a secretaria de Economia Solidária e a agente do CPP Bahia, Andrea Rocha, para a secretaria de Território e Meio Ambiente.
“Queria agradecer a todos vocês pela acolhida, pela escuta e pela presença. A gente, como cristão, vai sempre se reconhecendo e ressignificando a nossa caminhada. Queria agradecer aos meus filhos e ao meu marido que não estão perto, mas são fundamentais nessa caminhada”, agradeceu Ormezita durante a posse. Ela ainda falou das expectativas em relação aos novos secretários. “Estamos juntos com muito amor, alegria e coragem para enfrentarmos tempos assim. Estou feliz porque agora vamos ter mais três companheiros nessa presença direta. Para nós, é uma grande expectativa de uma construção mais forte à serviço dos regionais”, comemorou.
A experiência do escritório político de Brasília, que tem funcionado desde 2016 na capital federal, também foi aprovada pelos regionais, que trouxeram uma avaliação positiva durante os dias de realização da Assembleia e deram aval para a continuidade do trabalho.
Os eleito para animar o trabalho da Pastoral dos Pescadores nos próximos 03 anos.
Ainda foram eleitos os membros do Conselho Econômico do CPP. Como conselheiros titulares foram eleitos, Antonio Bispo Junior do CPP Bahia, Jane Rodrigues Rios do CPP Espírito Santo e Moizeis Santos do CPP Ceará. Como suplentes, Pedro Ribeiro do CPP Pará, José de Maria do CPP Maranhão e Andréa Cristiane do CPP Santa Catarina.

Fonte:




quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Pescadores prejudicados pelo óleo ainda esperam benefícios do governo

Por  em 20/02/2020, 08:42.
foto: Manguezal da praia dos Carneiro - Clemente Coelho/2019.
Maiores prejudicados pelo derramamento de óleo no litoral brasileiro, os pescadores artesanais ainda esperam a reparação de parte dos danos sofridos. Em Pernambuco, uma decisão judicial em caráter liminar, em dezembro passado, determinou a ampliação do pagamento do auxílio emergencial, liberado pela Medida Provisória 908/2019. Isso porque apenas 4.236 profissionais tinham sido contemplados pela medida no estado, mas aproximadamente oito mil foram prejudicados. Agora a União foi intimada pela Justiça a comprovar que cumpriu essa liminar. O prazo se encerra no próximo dia 11.
Pela determinação judicial, a União deveria ter pago R$ 1.996, em duas parcelas iguais, aos pescadores e pescadoras artesanais dos municípios de Barreiros, Cabo de Santo Agostinho, Goiana, Ilha de Itamaracá, Ipojuca, Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Paulista, Recife, São José da Coroa Grande, Sirinhaém, Tamandaré, Rio Formoso, Abreu e Lima, Igarassu e Itapissuma. De acordo com o Conselho Pastoral dos Pescadores Regional Nordeste (CPP-NE), até agora, apenas os 4.236, previstos na MP, receberam auxílios neste mesmo valor. 
Francisco de Assis de Santana é pescador em Rio Formoso (litoral Sul de Pernambuco), um dos municípios que seriam beneficiados. Ele contou que, por lá, nenhum pescador recebeu o auxílio emergencial. “A gente continua sendo prejudicado. Antes do óleo atingir as praias, a gente saia pra pescar e vendia de 15 a 20 quilos de peixes. Agora ninguém quer comprar por medo de contaminação“. A baixa nas vendas desvalorizou o preço dos pescados. “O quilo da tainha, por exemplo, era vendido a R$ 16 ou R$ 17. Tem gente vendendo por R$ 10 – R$ 12 pra não perder a pesca”, explicou Francisco.
Em outubro do ano passado, o ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento confirmou que 7,7 mil pescadores artesanais tinham sido prejudicados pelas manchas de óleo em Pernambuco. Mas a MP 908/2019 foi publicada, em novembro, considerando apenas as praias diretamente atingidas pelo petróleo. Assim, o número de beneficiados foi reduzido para pouco mais de quatro mil pessoas. 
“Quem pescava em estuários ao lado das praias diretamente atingidas, por exemplo, ficou de fora”, comentou Severino Santos, educador social do Conselho Pastoral dos Pescadores Regional Nordeste (CPP-NE). Ele diz que o cumprimento da liminar é importante para contemplar todos os quase oito mil prejudicados e para corrigir distorções, como o caso do município de Rio Formoso, onde Francisco pesca. Por lá, as praias da Pedra e do Porto foram contaminadas, mas como elas só entraram na lista de localidades atingidas do Ibama depois da publicação da MP, os pescadores não receberam os auxílios.

Registros defasados 

O cumprimento da liminar, em si, não resolve o problema por completo. Isso porque quem tem o cadastro nas colônias de pesca, mas não tem o RGP (Registro Geral da Atividade Pesqueira) ficará de fora do auxílio. O problema é que a emissão desse registro está parada no Brasil desde 2012. Atualmente existem 13,1 mil pescadores com RGP em Pernambuco. Mas, em 2010, um levantamento do Instituto Oceanário da Universidade Federal Rural de Pernambuco registrou 30 mil pescadores artesanais no litoral do estado. 
Entre os não elegíveis ao benefício, garantido pela liminar, ainda estão os que tiveram o pedido do registro ou da regularização da licença indeferido, quem fez sua inscrição no RGP, protocolo de solicitação de registro inicial ou de entrega de REAP (Relatório de Exercício da Atividade Pesqueira) depois da publicação da Medida Provisória 908/2019, e, obviamente, os que já foram beneficiados pela MP. 
O RGP também é exigido para a liberação dos valores determinados pela Medida Provisória. Isso está prejudicando o recebimento do benefícios em todo o país, de acordo com a Confederação Nacional de Pescadores e Aquicultores (CNPA). Como a expedição deste documento está defasada, mais de 50 mil pescadores possuem apenas o protocolo de solicitação do RGT. “Deixa muita gente de fora”, disse o presidente do CNPA, Walzenir Falcão, em audiência pública no Senado, na última terça-feira (18).  

Justiça

A juíza federal titular da 7ª Vara da Justiça Federal em Pernambuco, Ara Carita Muniz da Silva Mascarenha, foi quem determinou que a União deve comprovar que cumpriu a liminar e pagou os benefícios aos quase oito mil pescadores em Pernambuco. A decisão é resultado de uma ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal, com denúncias do CPP-NE, do Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais de Pernambuco e da Articulação Nacional das Pescadoras Artesanais em Pernambuco (ANP-PE).
A União também foi intimada a apresentar, em 30 dias (a contar de 11 de fevereiro) os dados dos  pescadores que fizeram protocolo junto à Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Pernambuco e informações do INSS dos profissionais da pesca artesanal. Ainda cabe recurso no processo.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

PESCADORES ARTESANAIS E ENTIDADES COMEMORAM A AMPLIAÇÃO DO AUXÍLIO EMERGENCIAL À CATEGORIA EM PERNAMBUCO


Divulgada na última terça (11), decisão determina a ampliação do direito a pescadores impactados direta ou indiretamente pelo derramamento de petróleo no Estado

O Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais de Pernambuco (MPP-PE), a Articulação Nacional das Pescadoras Artesanais em Pernambuco (ANP-PE) e o Conselho Pastoral dos Pescadores – Regional Nordeste (CPP-NE) comemoram a decisão favorável da Ação Civil Pública (ACP) empreitada pelo Ministério Público federal de Pernambuco (MPF-PE) e divulgada na última terça-feira (11). A determinação da justiça amplia o número de pescadores e pescadoras artesanais aptos a receber o auxílio emergencial devido ao derramamento de petróleo no litoral pernambucano. A União é condenada a garantir o pagamento de prestação reparatória emergencial e de caráter alimentar aos membros de comunidades tradicionais pesqueiras, que foram atingidos direta ou indiretamente pelo desastre ambiental no Estado. No entanto, ainda cabe recurso do governo federal.
Proferida pela juiz federal titular da 7ª Vara da Justiça Federal em Pernambuco, Ara Carita Muniz da Silva Mascarenhas, a pedido da Procuradoria Geral dos Direitos do Cidadão (PRDC), a decisão determina à União o pagamento de R$ 1.996,00, em duas parcelas iguais, aos pescadores e pescadoras artesanais impactados. O direito é reconhecido a pescadores e pescadoras com inscrição regular no Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP), aqueles com protocolo de solicitação de inscrição no RGP ou protocolo de entrega de Relatório de Exercício de Atividade Pesqueira - REAO (caso de RGP suspenso/irregular inativo), ainda pendentes de apreciação.
MUNICÍPIOS - Devem receber o direito os pescadores e pescadoras nos municípios de Barreiros, Cabo de Santo Agostinho, Goiana, Ilha de Itamaracá, Ipojuca, Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Paulista, Recife, São José da Coroa Grande, Sirinhaém, Tamandaré, Rio Formoso, Abreu e Lima, Igarassu e Itapissuma. A mesma prerrogativa vale para quem não se enquadra nessas situações, mas que está com pendências na inscrição no RGP ainda não apreciadas pela União e esteja vinculado aos mesmos municípios.
A decisão liminar não inclui os pescadores que foram beneficiados pela MP Nº 908/2019, bem como aqueles que tenham sua inscrição no RGP, protocolo de solicitação de registro inicial ou de entrega de REAP posterior à referida medida provisória. Ficam excluídos ainda os trabalhadores da pesca cujo pedido protocolado de registro ou da regularização da licença tenha sido analisado e indeferido pelo órgão competente ou se constatado por outros meios inequívocos que não se trata de pescador artesanal. “É uma conquista importante, porque a previsão é que sejam atendidos cerca de 8 mil pescadores, mas ainda falta quem tem cadastro nas colônias de pesca, porém, não tem o RGP”, explica o educador social do CPP-NE, Severino Santos.
JUSTIÇA – Frente à decisão do governo federal de atender apenas 4.236 pescadores pernambucanos, por meio de medida provisória 908/2019, e em consequência da falta de apoio e compromisso do governo estadual que alegou não ter recursos e que a regulação da atividade pesqueira é uma atribuição da União, o MPP-PE, a ANP-PE e o CPP-NE contestaram, no último mês de dezembro, na justiça, a decisão federal, demandando a ampliação do auxílio emergencial para todos os pescadores afetados pelo desastre ambiental.
A investigação do MPF apurou que o direito não contemplava nem de longe as necessidades e a reparação dos impactos causados aos pescadores e pescadoras atingidos pelo derramamento e determinou em caráter liminar a ampliação do número de pescadores a receber o auxílio, no dia 26 de dezembro do ano passado. Apesar de milhares de pescadores e pescadoras não se enquadrarem nos parâmetros da medida provisória, na época, o MPF defendeu que, dentre o principal motivo, é que muitos deles não tiveram seus requerimentos de inscrição e regularização apreciados pelo governo federal, pois a realização e atualização de cadastros está parada desde 2012.
DADOS – Pertencentes a uma das culturas tradicionais mais importantes do Brasil, os pescadores artesanais são responsáveis por metade da produção de pescados para consumo humano, empregando vinte e cinco vezes mais trabalhadores do que a pesca industrial, no Brasil. Ao todo, são mais de um milhão de pescadores artesanais credenciados no Registro Geral de Atividade Pesqueira (RGP).
Segundo o Instituto Oceanario da UFRPE, que deu origem ao Diagnóstico da Pesca Artesanal em Pernambuco, o número de pescadores no litoral pernambucano é de aproximadamente 30 mil, sendo esses dados de 2010. O cadastro realizado pelas organizações da pesca em outubro de 2019 e em conformidade com a Resolução do CGPESCA, o numero de pescadores das áreas impactadas são de aproximadamente 11.300 pescadores/as. O total de pescadores com RGP, em Pernambuco, é de 13.128 pessoas. A última produção estimada, realizada em 2012, é de 20.882,10 toneladas de pescador oriundo da pesca extrativa, de acordo com dados do MPA.


sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Governo de Pernambuco não atende reivindicações de pescadores artesanais




 Uma série de frustrações marcaram o encontro do Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais de Pernambuco (MPP-PE), do Conselho Pastoral dos Pescadores – Regional Nordeste (CPP-NE) e da Articulação Nacional das Pescadoras Artesanais de Pernambuco (ANP-PE) com representantes de secretarias do Governo do Estado de Pernambuco, na última quinta (12), no IPA. Intermediado pelo coletivo Juntas (PSOL), o encontro teve como objetivo fazer valer as reivindicações entregues pelos pescadores artesanais, no último dia 03, ao Governo do Estado.

Alegando falta de recursos e que a regulação da atividade pesqueira é uma atribuição da União, a secretária executiva do Meio Ambiente, Inamara Melo, e o coordenador do Comitê da Pesca, Rafael Siqueira, apresentaram uma série de justificativas para não atender as demandas dos pescadores artesanais pernambucanos e, ao menos, minimizar os impactos nefastos do derramamento de petróleo em comunidades pesqueiras atingidas e não atingidas, no Estado. As medidas apresentadas pelas representantes da Secretaria Estadual de Saúde e os dados do IPA, em relação aos pescados liberados para consumo, também não foram convincentes.

DADOS - As divergências surgiram principalmente pelos dados insuficientes fornecidos pelos órgãos estaduais, bem como por não retratarem a realidade vivida pelos pescadores artesanais, após o desastre socioambiental. “Tudo o que estão dizendo aí não condiz com o que está acontecendo nas comunidades. Vocês trazem um planejamento global, mas não apresentam nenhuma ação específica para resolver os problemas. De concreto para o pescador nada!”, disse o agente pastoral do CPP-NE, Rubem Tavares.

A representante do MPP-PE e presidente da Colônia Z-14, em Goiana, Ângela Fonseca, repudiou a falta de compromisso e solidariedade do governo estadual com os pescadores artesanais. “Não sei o que vou dizer na minha comunidade, tem gente lá passando necessidades. Tem pescador que não tem mais dinheiro para o óleo diesel do motor e os mais ousados saem remando. Nós somos pescadores, não miseráveis, mas já estamos ficando porque cortaram nossa internet, não temos mais bujão de gás para cozinhar e não sei como vamos passar o Natal”. 

RECURSOS - Os movimentos de pescadores e pescadoras e entidades apoiadoras também reclamaram da falta de compromisso do governo estadual e os órgãos competentes com o que consta na Lei de Diretrizes da Pesca Artesanal, Nº 15.590 de 21/09/2015. “Temos uma lei da pesca desde 2015, que até hoje não se faz valer. Discutimos política pesqueira no Estado que tem a lei no papel, mas não tem aplicação”, disse o agente pastoral, Severino Santos.

Segundo ele, o Comitê Estadual da Pesca também não apresenta resultados. “Há um ano e meio o comitê não funciona porque simplesmente não tem recursos para fazer as oficinas. O IPA tem que fazer o plano de assistência técnica, mas desde maio de 2017 não sistematiza o plano e alega que não tem dinheiro”, comentou.

REIVINDICAÕES – Dentre as reivindicações que ainda não foram atendidas pelo governo do estado, os pescadores enfatizam os riscos à sua saúde, à segurança e soberania alimentar e ao seu direito ao trabalho. A categoria demanda que o governo adote medidas urgentes no âmbito da saúde do grupo social, monitore e promova ações de reparação dos impactos socioambientais, mensure os impactos econômicos do incidente na cadeia produtiva artesanal, bem como os impactos socioeconômicos na comercialização de pescados em comunidades que não foram atingidas pelo petróleo.

Outras exigências envolvem que o governo estabeleça um seguro-defeso emergencial para o grupo, que crie um comitê de monitoramento e ações estratégicas para enfrentamento dos riscos decorrentes do derramamento de petróleo e garanta a participação da categoria no Comitê de Crise do Litoral de Pernambuco e outros que tratem da questão, no Estado.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Pescadores artesanais debatem com o Governo do Estado pauta de reivindicações da categoria nesta quinta-feira (12), no IPA




 Nesta quinta-feira (12), uma comissão formada por pescadores artesanais de treze municípios pernambucanos e pelo Conselho Pastoral do Pescadores – Regional Nordeste (CPP-NE) se reúne com representantes de secretarias do Governo do Estado e do coletivo Juntas (PSOL), no Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA). O encontro está marcado para as 9h, para discutir e fazer valer a carta de reivindicações assinada pelo Movimento do Pescadores e Pescadoras Artesanais de Pernambuco (MPP-PE), pela Articulação Nacional das Pescadoras Artesanais (ANP) e pelo CPP-NE. 


O documento foi entregue no Palácio do Campo das Princesas, no último dia 03, após a realização da audiência pública, na Alepe, quando os pescadores trouxeram mais uma vez a público o impacto nefasto do derramamento de petróleo no litoral Pernambuco. O crime socioambiental vem prejudicando a saúde do grupo social e provocado a paralização da economia pesqueira nas comunidades atingidas e não atingidas, além de poluir e destruir o meio ambiente.


PAUTA – Na pauta de reivindicações, a categoria exige que o Governo do Estado tome providências emergenciais para resolver a violação dos direitos de milhares de pescadores e pescadoras artesanais pernambucanos, em decorrência do desastre socioambiental. Dentre as violações, os pescadores enfatizam os riscos à sua saúde, à segurança e soberania alimentar e ao seu direito ao trabalho. 


Os pescadores demandam, adote medidas urgentes no âmbito da saúde dos pescadores que entraram em contato com o petróleo, monitore e promova ações de reparação dos impactos socioambientais, mensure os impactos econômicos do incidente, na cadeia produtiva artesanal, bem como os impactos socioeconômicos na comercialização de pescados em comunidades que não foram atingidas pelo petróleo, estabeleça seguro-defeso emergencial para o grupo, crie um comitê de monitoramento e ações estratégicas para enfrentamento dos riscos decorrentes do derramamento de petróleo e, ainda, garanta a participação do grupo social no Comitê de Crise do Litoral de Pernambuco e outros que venham a tratar da questão, no Estado. 


INEFICIÊNCIA – Desde que o derramamento de petróleo atingiu o litoral nordestino, as comunidades pesqueiras não conseguem comercializar sua produção, por conta do temor com a contaminação de peixes e crustáceos. Isso, segundo pesquisadores do Coletivo SOS Mar, formado por professores e alunos da UFPE, tem paralisado a economia pesqueira, que está amargando uma queda de até 90% nas vendas de sururu, caranguejo e ostras. A venda de pescado de alto mar caiu em até 70% e muitas famílias que vivem da pesca artesanal estão passando necessidades.


Os pescadores também consideram ineficiente o auxílio emergencial previsto pelo Governo Federal, via Medida Provisória 903/2019. Além de não contemplar os 30 mil pescadores pernambucanos, no último dia 04, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento anunciou a diminuição do número de pessoas que receberão os R$ 1.996, pagos em duas parcelas pelo Ministério da Cidadania e da Caixa Econômica Federal. Dos 8 mil pescadores previstos para receber o seguro-defeso, apenas aproximadamente 4 mil terão acesso ao direito. A justificativa é a atualização da lista de trabalhadores que vivem em municípios diretamente atingidos e possuem o Registro Geral da Pesca (RGP), que está desatualizado desde 2012.



Serviço:



Debate pauta de reivindicações do MPP-PE, ANP-PE e CPP-NE

Quando: quinta-feira, dia 12 de dezembro de 2019

Horário: 9h

Local: Instituto Agronômico de Pernambuco