sexta-feira, 13 de setembro de 2019

AUDIÊNCIA PÚBLICA DEBATE A SITUAÇÃO DA PESCA E DAS COMUNIDADES PESQUEIRAS ARTESANAIS NO RIO GRANDE DO NORTE.


O sentir dos sentidos é à base da objetivação das capacidades cognitivas daqueles que pescam, seu chão construtor e lapidador do saber-fazer pesqueiro, e também do sentimento e prática de liberdade que os pescadores afirmam ter. Cristiano W.N. Ramalho.

No último dia 10 de setembro, na assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, na capital potiguar (Natal), foi realizada audiência púbica, sobre a Importância da Pesca Artesanal no Rio Grande do Norte. A audiência foi convocada e presidida pela Deputada Estadual Isolda Dantas/PT, após um amplo processo de incidência das instituições e pessoas que compõem a Rede MangueMar no Rio Grande do Norte. 

Cerca de 120 pessoas participaram da audiência que contou com representantes das Colônias de Pescadores do Estado, Associações de pescadores e Marisqueira, Articulação Nacional das Pescadoras, Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais do Brasil (MPP), Conselho Pastoral dos Pescadores, da Comissão de Justiça e Paz de Macau ,ONG OCEÂNICA, representantes das Universidades Federal e Estadual do RN, Capitania dos Portos, IDEMA, Secretaria de Estado da Pecuária, da Agricultura e da Pesca, Secretários municipais de Macau, Porto do Mangue, Galinhos e de outros municípios, Emater além de outras organizações ligada a pesca e ao meio ambiente.

O desenvolvimento da pesca artesanal, no estado do Rio Grande do Norte, tem como registro inicial, desde o Brasil-Colônia, segundo o historiador “Luiz Geraldo Silva, que escreveu o livro Pescadores na Historia do Brasil,” publicado pela Comissão Pastoral da Pesca em 1989. Hoje são mais de 35 mil pescadores, desde aproximadamente 51 são mulheres, esses registros distribuídos do litoral ao sertão, com o desenvolvimento das atividades nos espaços hídricos existentes em nosso estado seja no mar aberto, na zona costeira e estuários, como nos rios, lagos, açudes e barragens.

Esse grupo social, considerado pela legislação brasileira, como comunidade tradicional em sua maioria, tem sofrido grandes impactos no estado. Sejam pela expulsão dos espaços tradicionalmente ocupados pelas comunidades, às restrições de áreas de pesca por conta dos empreendimentos econômicos, seja de aquicultura e na produção de sal que suprime e privatizam os nossos estuários.

Mesmo a pesca artesanal sendo responsável por mais de 50% da produção pesqueira e envolvendo direta e indiretamente mais de 60 mil pessoas na geração de emprego e renda, o olhar dos governantes não se voltam para a importância destes trabalhadores para a socioeconomia, talvez por isso, falte políticas públicas que vise à sustentabilidade e desenvolvimento da atividade, falta de crédito e investimento, bem como a falta de acesso dos pescadores e pescadoras aos registros profissionais junto ao MAPA.

Segundo a Dep. Isolda Dantas, “a pesca artesanal gera 5 vezes mais emprego do que a pesca industrial e aquicultura juntas, no estado do RN”. Porém a ausência de dados estatísticos, tende a colocar esses trabalhadores na invisibilidade e muitas vezes na criminalidade.

Já a pescadora e marisqueira Rita de Cassia, representante da Articulação Nacional das Pescadoras (ANP), relatou que é a pesca artesanal, que gera alimento sadio que é colocado todos os dias nas mesas das comunidades. São esses homens e essas mulheres guerreiras que na chuva ou sol, enfrentam a forças das águas e dos ventos, para garantir o sustento de suas famílias e comunidades.

O educador social Luís Ribeiro (Itá), ressalta o risco e a falta de segurança na atividade; homens que vão pescar no alto mar, como os pescadores do peixe avoador, a pesca da lagosta, e os acidentes no mar. Ressalta ainda a importância da pesca para a segurança e distribuição de alimentos de qualidade, e solicita que seja feita ações que deem condições de inclusão da produção pesqueira artesanal, nos espaços e nas políticas de segurança alimentar e na economia popular solidária.

“Fez o comparativo com sete municípios entre os recursos financeiros da pesca e royalties do petróleo de 2017 e os números são expressivos, pois enquanto os royalties gerou em torno de R$ 60 milhões e 300 mil, a pesca gerou na sua primeira comercialização R$ 43 milhões e 200 mil, equivalente a 71,64% dos royalties, deve salientar que o que é consumido pelos pescadores, familiares e amigos como doação não é contabilizando. Outro fator relevante é que o dinheiro da pesca é utilizado na comunidade, enquanto que o destino dos royalties é desconhecido.”

David Soares subsecretário de Pesca da Secretaria Estadual de Agricultura, disse que as recomendações da Governadora Fátima Bezerra (PT), o comando agora é de ouvir os segmentos e dentro do possível abrir espaços de diálogo e construção conjunta com a sociedade pesqueira, que vise à construção de ações governamentais que possibilite melhor acesso as políticas por parte das comunidades, bem como, a construção de informações que facilite uma melhor atuação do estado.
confira as imagens:






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