quinta-feira, 28 de maio de 2015

IRMÃS BERNARDINAS FRANCISCANA, 10 ANOS DE MISSÃO ENTRE OS PESCADORES E PESCADORAS TRADICIONAIS DE BARRA DE SIRINHAÉM/PE


               O ano de 2005 foi um ano de graças para a comunidade de pescadores e pescadoras artesanais de Barra de Sirinhaém. A chegada das irmãs Franciscanas Bernardinas na comunidade contribuiu para a transformação; imbuídas do evangelho de Jesus Cristo revelado aos pobres, contribuíram para a mudança dos fracos e oprimidos em atores e protagonistas de sua história, proporcionando assim a união e a organização dos pescadores e potencializando a luta pela libertação e conquista de seus direitos.

A Galileia das irmãs Franciscanas Bernardinas em Pernambuco, é a comunidade de pescadores e pescadoras de Barra de Sirinhaém, na recém-criada paróquia de São Francisco de Assis. Estando oprimidos pelo poder dominante, nenhuma força de libertação até então havia ressoado até a chegada das irmãs Franciscanas. Uma comunidade pequena com menos de 8 mil habitantes, mas com tantas contradições sociais, em que o poder público e judicial local é dominado pelo poderio das usinas de cana de açúcar da região e latifúndios, que oprimem e marginalizam os que  reagem  e se levantam contra as opressões.

As irmãs Bernardinas tiveram a missão de abrir poços, onde a água e a sede por conhecimento e libertação se misturavam: com a falta de informação, o preconceito moral, religioso e a exclusão social. Diante do observado e vivenciado no dia a dia, as irmãs imbuíram-se da presença do Deus vivo, passando a contribuir com os anseios dos pescadores e pescadoras, respeitando sua cultura e estimulando sua organização.

Os pescadores e as pescadoras estavam há mais de 20 anos em situação de total desarticulação, deixando os sinais de morte enraizar-se, na comunidade com a ampliação para comunidades pesqueiras vizinhas, como pudemos observar na expulsão das mais de  56 famílias das ilhas do estuário do rio Sirinhaém.

A colônia de pescadores, organização de classe e de representação dos pescadores e pescadoras do município há mais de 10 anos não realizava assembléia, nem prestava contas de suas ações para os associados e ainda se negava a prestar qualquer serviço a favor dos pescadores e pescadoras. A estrutura física da organização (sede) estava destruída e sem condições de funcionamento; grande parte das mulheres precisavam migrar para o litoral norte na busca por pescados como: Aratu e Marisco, já que a poluição com as descargas de vinhaça da usina acabava com a produção dos estuários.

Como boas articuladoras, e na busca da construção de um reino fraterno e inclusivo, em que os pescadores e pescadoras se percebessem como imagem e semelhança de Deus, as irmãs conquistaram o respeito e admiração de todos da comunidade de Barra de Sirinhaém. Grande parte das mulheres pescadoras, não tinham seus direitos reconhecidos, e muitas vezes eram desrespeitadas dentro da comunidade. Com o estimulo ao auto conhecimento pessoal e valorização dos espaços coletivos de reflexão, as mulheres recuperaram suas auto estimas e hoje dominam as discussões na organização da comunidade.

Toda missão é um caminhar rumo à terra prometida, é um abrir caminhos para que outros possam juntos com outros transformarem, as forças geradoras de opressão em espaços de dialogo e de partilhas de forma igualitárias e solidárias entre os lutadores e lutadoras na construção do reino. As irmãs Bernardinas Franciscanas souberam como poucos vivenciar o evangelho, sendo mediadoras sem tomar a frente da luta; contribuindo para a transformação da comunidade, em que homens e mulheres, de forma coletiva construíram suas metas e objetivos na busca de um mundo melhor e fraterno.

As irmãs contribuíram e ainda tem muito a contribuir com o resgate do trabalho pastoral junto às famílias de pescadores e pescadoras artesanais do litoral sul de Pernambuco, com a missão de ser sal e luz. Vamos colocar óleo nas lamparinas e vigiar para que aconteçam as transformações almejadas pelas comunidades pesqueiras. Devemos celebrar com alegria as vitórias alcançadas e vigiarmos, por que o senhor é bom, e sua benignidade dura para sempre!

 
Pela Equipe do CPP Nordeste.
 

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