Uma série de frustrações marcaram o encontro do Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais de Pernambuco (MPP-PE), do Conselho Pastoral dos Pescadores – Regional Nordeste (CPP-NE) e da Articulação Nacional das Pescadoras Artesanais de Pernambuco (ANP-PE) com representantes de secretarias do Governo do Estado de Pernambuco, na última quinta (12), no IPA. Intermediado pelo coletivo Juntas (PSOL), o encontro teve como objetivo fazer valer as reivindicações entregues pelos pescadores artesanais, no último dia 03, ao Governo do Estado.
Alegando falta de
recursos e que a regulação da atividade pesqueira é uma atribuição da União, a
secretária executiva do Meio Ambiente, Inamara Melo, e o coordenador do Comitê
da Pesca, Rafael Siqueira, apresentaram uma série de justificativas para não
atender as demandas dos pescadores artesanais pernambucanos e, ao menos,
minimizar os impactos nefastos do derramamento de petróleo em comunidades
pesqueiras atingidas e não atingidas, no Estado. As medidas apresentadas pelas representantes
da Secretaria Estadual de Saúde e os dados do IPA, em relação aos pescados
liberados para consumo, também não foram convincentes.
DADOS - As divergências surgiram
principalmente pelos dados insuficientes fornecidos pelos órgãos estaduais, bem
como por não retratarem a realidade vivida pelos pescadores artesanais, após o
desastre socioambiental. “Tudo o que estão dizendo aí não condiz com o que está
acontecendo nas comunidades. Vocês trazem um planejamento global, mas não
apresentam nenhuma ação específica para resolver os problemas. De concreto para
o pescador nada!”, disse o agente pastoral do CPP-NE, Rubem Tavares.
A representante do MPP-PE
e presidente da Colônia Z-14, em Goiana, Ângela Fonseca, repudiou a falta de
compromisso e solidariedade do governo estadual com os pescadores artesanais.
“Não sei o que vou dizer na minha comunidade, tem gente lá passando
necessidades. Tem pescador que não tem mais dinheiro para o óleo diesel do
motor e os mais ousados saem remando. Nós somos pescadores, não miseráveis, mas
já estamos ficando porque cortaram nossa internet, não temos mais bujão de gás
para cozinhar e não sei como vamos passar o Natal”.
RECURSOS - Os movimentos de
pescadores e pescadoras e entidades apoiadoras também reclamaram da falta de
compromisso do governo estadual e os órgãos competentes com o que consta na Lei
de Diretrizes da Pesca Artesanal, Nº 15.590 de 21/09/2015. “Temos uma lei da
pesca desde 2015, que até hoje não se faz valer. Discutimos política pesqueira
no Estado que tem a lei no papel, mas não tem aplicação”, disse o agente
pastoral, Severino Santos.
Segundo ele, o Comitê
Estadual da Pesca também não apresenta resultados. “Há um ano e meio o comitê
não funciona porque simplesmente não tem recursos para fazer as oficinas. O IPA
tem que fazer o plano de assistência técnica, mas desde maio de 2017 não
sistematiza o plano e alega que não tem dinheiro”, comentou.
REIVINDICAÕES – Dentre as reivindicações
que ainda não foram atendidas pelo governo do estado, os pescadores enfatizam
os riscos à sua saúde, à segurança e soberania alimentar e ao seu direito ao
trabalho. A categoria demanda que o governo adote medidas urgentes no âmbito da
saúde do grupo social, monitore e promova ações de reparação dos impactos
socioambientais, mensure os impactos econômicos do incidente na cadeia
produtiva artesanal, bem como os impactos socioeconômicos na comercialização de
pescados em comunidades que não foram atingidas pelo petróleo.
Outras exigências
envolvem que o governo estabeleça um seguro-defeso emergencial para o grupo,
que crie um comitê de monitoramento e ações estratégicas para enfrentamento dos
riscos decorrentes do derramamento de petróleo e garanta a participação da
categoria no Comitê de Crise do Litoral de Pernambuco e outros que tratem da
questão, no Estado.
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