Original: pelosterritoriospesqueiros.blogspot.com
Fotos: Enilde Lima
No dia do Grito da Pesca Artesanal, os
manifestantes protestam contra a desestruturação das políticas de pesca no
país.
Mais de 500
pescadores artesanais de todo o Brasil ocupam na manhã de hoje (22) o
Ministério do Planejamento
Cerca de 500 pescadores e pescadoras artesanais de
várias partes do Brasil acabam de ocupar na manhã de hoje (22/11) o
Ministério do Planejamento, em Brasília (DF). Os pescadores e pescadoras fazem
parte do Movimento dos Pescadores e Pescadoras artesanais (MPP), da CONFREM
(Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas Costeiras e
Marinhas), da Articulação Nacional das Pescadoras (ANP) e a ocupação do
ministério foi motivada pela total desestruturação das políticas de pesca do
país, o que, segundo os manifestantes, tem colocado a Pesca Artesanal no seu
pior momento da história.
Os pescadores criticam a falta de recursos e o
desmonte da politica de pesca no país. Os manifestantes reivindicam ao
ministério a revisão dos cancelamentos e suspensões dos Registros Gerais de
Pesca (RGP), que vem acontecendo desde 2014 e que somados aos cancelamentos
mais recentes já atingem quase 600 mil pescadores e pescadoras em todo o
Brasil. O RGP é um documento obrigatório para o exercício da pesca e precisa
ser renovado anualmente. Os cancelamentos têm acontecido de maneira arbitrária
e tem levado à criminalização de vários pescadores e pescadoras no exercício da
profissão. A não renovação dos RGPs, que se agravou desde a extinção do
Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), também tem dificultado o acesso à
benefícios previdenciários e ao seguro-defeso, benefício recebido pelos
pescadores quando a pesca é proibida para garantir a reprodução dos peixes.
Na pauta de reivindicações, os pescadores e
pescadoras afirmam que eles “têm sido criminalizados pelas ações dos próprios
agentes públicos, sendo que as medidas tomadas atingem frontalmente os
trabalhadores e trabalhadoras da pesca e não resolvem as fraudes, motivação
pela qual o governo justifica tamanhas medidas discriminatórias. Somam-se a
isto diversas outras medidas que vem prejudicando a vida dos trabalhadores e
trabalhadoras em geral ao qual os pescadores estão inseridos”. Os
pescadores e pescadoras ainda afirmam que desde 2015 que não foi liberado
qualquer recurso para investimentos para a Pesca Artesanal que se soma ao
desmantelamento de várias políticas fundamentais para segurança alimentar das
comunidades.
Outra preocupação dos manifestantes é que o modo de vida das comunidades pesqueiras se encontra ameaçado por grandes empreendimentos econômicos, como a indústria do turismo, petrolífera, pelas usinas eólicas, entre outros, que tem colocado em risco os territórios pesqueiros.
Outra preocupação dos manifestantes é que o modo de vida das comunidades pesqueiras se encontra ameaçado por grandes empreendimentos econômicos, como a indústria do turismo, petrolífera, pelas usinas eólicas, entre outros, que tem colocado em risco os territórios pesqueiros.
Pauta de reivindicações
- Editar uma portaria que torne válida as carteiras
suspensas, canceladas e protocoladas dos pescadores e pescadoras artesanais;
- Retomada urgente com uma força tarefa do processo
de renovação das carteiras de pescador profissional, da inserção dos registros
iniciais, protocolados, no sistema e recepção de novas carteiras;
- Revogar do decreto 8967:
a) Parágrafo 12 do art. 1º que diz que quando
houver pesca alternativa nos municípios não será devido o seguro defeso;
b) Retirar a clausula do decreto que impede que as
pescadoras que atuam na cadeia produtiva da pesca tenham acesso ao seguro
defeso;
- Desburocratizar o acesso ao defeso: O Estado não
pode cobrar dos pescadores e pescadoras artesanais o que não tem as condições
de viabilizar. Ex.: Exigência do TIE, ROL de equipagem, CIR; exigência
alteração de nomes técnicos das espécies no RGP; desrespeito a denominação
tradicional das áreas de pesca;
- Garantir orçamento para investimento nas
políticas para a pesca artesanal: infra-estrutura de apoio a produção e
comercialização, assistência técnica, melhoria e modernização da frota;
capacitação e formação;
- Retomar a estatística pesqueira e apoiar as
iniciativas de automonitoramento – Apoio ao projeto de automonitoramento;
- Garantir infra-estrutura e recursos humanos
suficiente com conhecimento técnico nos estados, regionalizando os escritórios
da SEAP;
- Criar o Instituto Nacional da Pesca Artesanal;
- Ampliar a oferta de cursos de habilitação
marítima para os pescadores e pescadoras artesanais em todos os estados;
- Estabelecer convênios com os governos estaduais
para viabilizar a emissão dos RGP’s
Nenhum comentário:
Postar um comentário