Aniversário da
entidade celebra a resistência e profetiza a esperança nesta quarta (12)
Nesta quarta-feira (12), o Conselho Pastoral dos Pescadores no
Nordeste (CPP-NE) comemora 50 anos de fundação, atuando como principal entidade
a trabalhar junto aos pescadores e pescadoras artesanais, em toda a Região. A
data é comemorada com um encontro no Convento de São Francisco, em Olinda, a
partir das 9h, que reúne representantes do CPP e de outras pastorais,
religiosos, professores e pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco,
Universidade Rural Federal de Pernambuco, Fundaj, Universidade Federal de
Alagoas, representantes de ONGs ligadas ao setor pesqueiro e, principalmente,
lideranças de pescadores artesanais de Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Rio
Grande do Norte.
A comemoração tem início com um café da manhã, seguido de
uma roda de conversas e palestras sobre o cinquentenário do CPP-NE, além de uma
celebração eucarística precedida pelo Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Olinda
e Recife, dom Limacêdo Antônio da Silva. O evento continua à tarde e, após
o almoço, com frutos da pesca artesanal, haverá um momento cultural, ao som do
coco de roda e ciranda, manifestações artísticas ligadas ao mundo da pesca
artesanal. “O encontro é uma preparação para o Congresso Nacional das
Pastorais da Pesca, que está marcado para maio de 2019”, comenta o agente
pastoral, Severino Santos.
Para a agente pastoral, Laurineide Santana, o berço que embalou
o CPP, nas sua origens, e lhe imprimiu seu caráter identitário e
missionário, foram os “ventos” do Espírito da Igreja do Concílio Vaticano II.
“Eis a razão de hoje podermos dizer, com o Papa Francisco, que servimos a uma
igreja em uma perspectiva libertadora, nas pegadas do Cristo, anunciada no
Evangelho”, comenta.
O Conselho Pastoral dos Pescadores iniciou sua missão em 1968,
em Olinda-PE, com o nome de Comissão Pastoral dos Pescadores. Fundada por Frei
Alfredo Schnuettgen e pela irmã Nilza Montenegro, a entidade tinha o propósito
de contribuir para construção do reino de Deus através da transformação e
melhoria de vida de homens e mulheres da pesca artesanal e de suas comunidades,
que até então tinham sido excluídos de políticas sociais específicas para
a atividade.
Ao se aproximar dos pescadores, a comissão identificou graves
problemas ligados à falta de autonomia do grupo social. Suas organizações
estavam completamente atreladas ao Estado, havia exploração da produção,
através dos atravessadores; negação de direitos sociais, ameaça aos territórios
pesqueiros pela expansão industrial e especulação imobiliária; agressão ao meio
ambiente devido ao desmatamento dos manguezais e poluição dos rios, além de
falta de políticas públicas para fomentar a pesca artesanal. “Esse
acompanhamento ao pescador e à pescadora logo se expandiu para o Norte e Sul do
país, passando em 1998 a se denominar Conselho Pastoral dos Pescadores”,
recorda Laurineide.
Dentre as conquistas alcançadas pelo CPP, na caminhada de meio
século junto aos pescadores, está a Constituinte da Pesca e os avanços que se
seguiram, dentre eles a inclusão de direitos previdenciários e trabalhistas dos
pescadores na Constituição Brasileira de 1988; o direito das pescadoras de se
filiar as Colônias de Pesca; o reconhecimento das Colônias como órgãos de
classe e sua autonomia frente às Federações e Confederações de Pesca.
Na certeza da importância do serviço pastoral, o CPP-NE se
proponhe a continuar a missão junto aos homens e mulheres das águas.
“Continuamos sendo desafiados pelo evangelho na perspectiva de avançar para as
águas mais produndas e lançar as redes para a pesca, conforme Lucas, capítulo
5, versículo 4”, diz Laurineide.
PESCADOR(A) ARTESANAL
– Integrantes
de uma cultura tradicional, os pescadores praticam a pesca artesanal ou de
pequena escala, sendo importantes agentes na gestão sustentável dos recursos
pesqueiros, garantindo a sustentabilidade ambiental e econômica das
comunidades. Ameaçados constantemente pela privatização das terras e águas
públicas, bem como pela expansão de grandes projetos industriais,
portuários e turísticos, além da especulação de terras, os pescadores lutam
pelo reconhecimento e conquista dos seus territórios tradicionais pesqueiros.
Lançada, em 2012, pelo Movimento de Pescadores e Pescadoras
Artesanais do Brasil (MPP), a Campanha pelo Território Pesqueiro é, hoje, uma
das principais bandeiras de luta do movimento, que busca a assinatura de
1% do eleitorado brasileiro (equivalentes a 1.406.466 assinaturas), para uma
lei de iniciativa popular que propõe a regularização do território das
comunidades tradicionais pesqueiras. Outra importante frente de atuação é a
garantia dos direitos da categoria, que há anos enfrenta dificuldades no
recebimento do seguro-defeso e sofre com a falta de emissão e renovação das
carteiras de pescador.
Serviço:
Aniversário 50 anos do
Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP-NE)
Quando: Quarta-feira, 12 de
dezembro
Local: Convento de São
Francisco, Olinda (PE)
Horario: 9h
Nenhum comentário:
Postar um comentário