Por: Verônica Fox
Exibido na 20ª edição do projeto “De
Frente para a Costa”, iniciativa da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), no
Recife, o documentário “No Rio e no Mar” resgata a luta dos pescadores e
pescadoras artesanais da Ilha da Maré (BA), contra a poluição e danos à saúde
causados pelos empreendimentos da Petrobrás e do Porto de Aratu, na região. A ilha
fica localizada na Bahia de Todos os Santos e pertence ao município de Salvador.
Em torno de 50 pesquisadores, estudantes e membros de organizações não governamentais
prestigiaram o evento, realizado no último dia 06 de setembro, na Fundaj.
A mesa de debate foi composta pela líder
do Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais do Brasil (MPP), Marizélia Lopes
(Nega), que veio da Ilha da Maré especialmente para o lançamento do
documentário produzido pela Anistia da Holanda; o pesquisador da Fundaj, Tarcício
Quinamo; a educadora social do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), Laurineide
Santana, e o professor e pesquisador da Universidade Federal da Bahia, Miguel
Accioly.
Marizélia falou sobre as dificuldades enfrentadas pela Ilha
da Maré, que sofre com os problemas ambientais e de saúde provocados pelas
indústrias na região. “A pesca artesanal é pouco respeitada em nosso país. Fomos
abandonados pelo poder público. Somos mais de 10 mil moradores, vivemos
exclusivamente da pesca e do artesanato e infelizmente estamos sendo
exterminados. Esse documentário fala um pouco da nossa situação. A gente tem
uma diversidade muito grande e ainda somos uma ilha muito bonita, apesar dos
empreendimentos”, relatou.
Foram feitas ainda denúncias sobre o modelo de
desenvolvimento prejudicial à saúde e ao meio ambiente, que destrói e desagrega
as comunidades tradicionais. “Essa poluição ameaça a vida e os
saberes populares da nossa população. A gente tem consciência que está
morrendo, mas a gente vai continuar denunciando. Os órgãos ambientais,
lamentavelmente, fecham os olhos para a poluição ambiental, especialmente no
Nordeste", denunciou Marizélia.
POLUENTES - O
professor Accioly, por sua vez, explicou que as quase 10 mil pessoas que
vivem na ilha são invisibilizadas pelo poder público. Segundo o pesquisador, a própria prefeitura
desconhece a comunidade e não disponibiliza educação e saúde que condigam com
suas obrigações junto aos moradores do local. “Inclusive, as 11 comunidades
distribuídas em torno da ilha são atendidas pela escola e pelo posto de saúde
do município vizinho”, apontou.
Para Accioly, é inviável e
incompreensível o investimento do Estado nesses empreendimentos na região. “Colocaram
as indústrias todas lá e, por conta disso, também há uma grande concentração de
poluentes, como metais, chumbo, mercúrio. Além disso, petroquímicos, amônia,
fertilizantes, poeira de soja, de trigo e de siderúrgica. É uma gama de
poluentes que vêm pela água e pelo ar prejudicando a vida e saúde dos
moradores”, informou.
MODELO – Laurineide Santana, do CPP, disse ainda que o problema
enfrentado pela Ilha da Maré não é um problema de uma comunidade, mas das
comunidades e dos povos tradicionais no Brasil. “Esse trabalho que a Ilha está
fazendo é abrir os olhos e os ouvidos para a gente lutar. A gente percebe que além
do problema ambiental, é um problema social, é um problema econômico, é um
problema da sociedade. Esse modelo de desenvolvimento imposto no Brasil é bom
para quem? Ele traz morte, doença, diminuição da produção, destruição do
ambiente. Então, esse modelo não serve mais”, disse.
Por sua vez, o pesquisador da
Fundaj, Tarcício Quinamo, destacou que o modelo predatório e excludente adotado
pelo Brasil penaliza as populações pobres, onde prevalecem as pessoas negas. “É
uma realidade que está aí, pseudocolocada e distorcida pelos grandes meios de
comunicação. Os pescadores artesanais, os índios são cuidadores dessas áreas,
uma área que diz respeito a todos nós. Quando esses povos sofrem, a gente está
pagando por isso. Isso é o que precisamos rever nesse modelo de
desenvolvimento, temos que trazer para a discussão. É um compromisso nosso divulgar
para que as pessoas reflitam sobre essa realidade”, alertou.
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