TEMA:
Pesca Artesanal: Identidade, Cultura, Soberania e Resistência - Poder para o nosso povo.
LEMA:
Resistir, garantir e continuar... a biodiversidade queremos preservar!
Nós
pescadores e pescadoras do MPP reunidos em assembleia nacional, na Reserva
Extrativista do Batoque, Aquiraz, no Ceará, entre os dias 23 a 25 de agosto de
2016 viemos a público manifestar sobre o que nestes dias refletimos.
Vivemos no
Brasil um momento político e econômico cruel, no qual estamos sendo despidos de
nossos direitos conquistados. Neste contexto, as comunidades tradicionais estão
sendo criminalizadas duplamente: pela retirada de direitos e por termos nossas
lideranças tratadas como bandidos nas lutas em defesa de seu povo.
A
PESCA ARTESANAL VOLTA A ESTACA ZERO: trata-se de um desmonte intencional da
estrutura da pesca artesanal no país. Mais de 200 mil RGP (Registro Geral da
Pesca) não entregues, 300 mil cancelados e mais de 200 mil suspensos este ano;
milhares de defesos foram negados no Brasil afora.
O que
estava ruim, agora, com o governo interino Michel Temer, ficou ainda pior. O
Ministério da Pesca foi extinto e a pesca passou a ser uma secretaria
inoperante dentro do Ministério da agricultura que privilegia o agronegócio com
clara intenção de acabar com as políticas voltadas para os pescadores e
pescadoras artesanais. As várias secretárias da Pesca nos Estados sem
funcionamento, por falta de funcionários com as devidas competências.
Repudiamos
veemente, a articulação política deste governo em vista da Reforma
Previdenciária com claro discurso de penalizar os pescadores/as tradicionais em
nome de uma política econômica degradadora da vida dos mais pobres.
Os grandes
empreendimentos têm causado impactos gravíssimos. É o caso das siderúrgicas,
das carciniculturas, portos como Petrobrás, Samarco e a Vale, contaminação das
águas e do solo marinho; exploração petrolífera, o modelo energético – eólicas,
termoelétricas, as barragens que tem tirado o acesso dos pescadores às águas
marinhas e continentais com diminuição dos pescados; A preocupação com
exploração do Pré-sal que ampliará os acidentes com o Petróleo, sobretudo com a
proposta de privatização para empresas estrangeiras. Tais empreendimentos
promovem a invasão aos territórios, ocupação das águas, colocação de
dutos dificultando a navegação e criando novas áreas de exclusão de
pesca.
Também a
especulação imobiliária e o turismo de negócio, com os RESORTS que invadem e
expulsam comunidades inteiras tem se espalhado por todo Brasil.
A ameaças
aos direitos das comunidades se baseia em mecanismos legais que foram sendo
construídos pelo Estado, apoiado pelas bancadas ruralistas e fundamentalistas
no Congresso e Senado configurando uma ação articulada de criminalização dos
movimentos sociais. Tal cenário recai sobre os pescadores e pescadoras de forma
fomentada pelo Estado que se posiciona em favor das elites, é o caso da
criminalização dos pescadores da Bahia de SEPTIBA e Bahia de Guanabara no Rio
de Janeiro, na Comunidade de Cajueiro em São Luís no Maranhão e em inúmeras
comunidades, com perca de petrechos, prisões, ameaças de morte e assassinatos.
Uma outra consequências do golpe é
a paralisação dos processos de regularização e demarcação dos
território operacionalizados pela SPU (Superintendência do Patrimônio da
União), a FCP (Fundação Cultural Palmares), o INCRA (Instituto de Colonização e
Reforma Agraria) e ICMBIO (Instituto Chico Mendes da Conservação e
Biodiversidade), que ganha corpo ainda mais com a tramitação da PEC 215 no
Congresso nacional.
Repudiamos
o sistema capitalista que ambiciona os nossos territórios, sustenta e fomenta
toda esta degradação dos bens naturais, trazendo para nossas comunidades
violência, contaminação, doenças e pobreza.
Seguimos
apostando no nosso modelo de vida que é de abundancia, solidariedade, justiça,
igualdade para toda humanidade e para a mãe terra com todas as suas formas de
vida: Bem Viver!!
– Luta pela
defesa e garantia dos territórios Pesqueiros
(Campanha
pelo território Pesqueiro, RESEX, Quilombos, TAUS, RDS, etc)
– Lutar por
política de Ordenamento Pesqueiro com participação efetiva da Pesca
artesanal e a partir do saber das comunidades pesqueiras;
- Lutar por
uma legislação específica para pesca artesanal
– Defesa
dos direitos conquistados e luta por novos direitos (Nenhum direito a menos);
-
previdenciários, sociais, trabalhistas, ambientais;
- RGP, etc
-
Criminalização e violência institucional.
- Lutar por
Políticas e Investimentos para a Pesca Artesanal
(garantia de condições adequadas para produção, processamento e
comercialização)
– Lutar por
uma educação específica e contextualizada para a Pesca Artesanal
(alfabetização, escolas das águas, técnica, etc)
-
Enfrentamento aos Grandes Projetos que causam impacto nos territórios e
meios de vida dos pescadores:
(Barragens,
mineração, eólicas, imobiliários, portos, petróleo, etc)
- Atuar
junto as ações contra as causas e efeitos das Mudanças climáticas
Comunidade do Batoque
– Aquiraz – Ceará, 25 de Agosto de 2016.
NO
RIO E NO MAR – PESCADORES NA LUTA - NOS AÇUDES E BARRAGENS – PESCANDO
LIBERDADE - HIDRONEGÓCIO/RESISTIR - CERCAS
NAS ÁGUAS - DERRUBAR.
Nenhum comentário:
Postar um comentário