Com
pesar recebemos a notícia do falecimento de Dom José Rodrigues de Souza, bispo
emérito da Diocese de Juazeiro na Bahia. Nesse dia 09 de
setembro a região do Vale do São Francisco, mas também os pescadores e
pescadoras perderam uma referência das lutas sociais: Dom José Rodrigues. O
bispo emérito de Juazeiro vai ficar sempre na história dos pobres e perseguidos
por sua coragem, simplicidade e inovação.
Com certeza
muitos já falaram do grande mérito que acompanhava este bispo no meio do povo
sofrido do semi-árido do Nordeste. Ele mesmo disse anos atrás, que foi este
povo sofrido e perseguido, sem vez nem voz, que ajudou na sua conversão radical
ao Evangelho de Jesus Cristo e sua opção decidida pelos pobres. Com certeza
muitos lembraram na sua atuação no meio dos reassentados da barragem de
Sobradinho, da sua atuação na comunicação corajosa dos valores de justiça e
compaixão para com o povo através de rádio e jornal. Outros já falaram disso
tudo e de uma maneira bem clara e exaustiva.
Nós queremos
aqui lembrar o nosso convívio com Dom José como primeiro “Presidente” do
Conselho Pastoral dos Pescadores. A missão desta pastoral: “Anunciar aos pescadores e as pescadoras
a força libertadora do evangelho revelado aos pobres e através deles promover a
transformação das estruturas geradoras de injustiça, tornando-os agentes de sua
história e construtores de uma nova sociedade” já era exercida na sua diocese
pela Pastoral da Terra com e no meio dos pescadores do Rio São Francisco e do
Lago de Sobradinho.
Na
Assembléia da fundação oficial do Conselho Pastoral dos Pescadores em 1988 em
Olinda – PE Dom José Rodrigues foi lembrado e unanimemente aceito para ser o
primeiro Presidente da Pastoral, pois naquela época ouvimos da atuação deste
bispo a favor dos pescadores do Rio São Francisco e do Lago de Sobradinho. Frei
Alfredo se encarregou a consultar e pedir ao bispo que aceitasse esta tarefa de
animar e encorajar não só os agentes de pastoral, mas também os próprios
pescadores e pescadoras artesanais deste Brasil afora. Prontamente Dom José
aceitou o convite e a partir deste momento sempre participava das nossas
assembléias e reuniões de planejamento. Na sua diocese animou os seus agentes
de pastoral a fundar também uma Pastoral dos Pescadores. Quantas vezes ele
visitou conosco os pescadores nas praias do Ceará, Rio Grande do Norte, Pará,
Maranhão, Alagoas e Pernambuco!
Como
era importante a sua presença e orientação nos trabalhos da Pastoral dos
Pescadores. Ele, como Bispo da Igreja, abriu as portas para os agentes da
Pastoral dos Pescadores em muitas dioceses e paróquias onde se encontravam
pescadores e pescadoras abandonados pelas autoridades civis e muitas vezes
esquecidos pela própria Igreja. Nas Assembléias Gerais da CNBB ele sempre fazia
propaganda no meio dos seus colegas bispos da existência de milhares de
pescadores e pescadoras que necessitam a atenção da Igreja e que são realmente
o público preferido do Santo Evangelho de Cristo.
Dom
José será sempre lembrado como o homem simples, conhecido até mesmo pelas
roupas que costumava usar. Dom José será lembrado pelos pescadores e pescadoras
que hoje ainda se lembram da sua presença nas suas casas na praia, pelas missas
que ele celebrava nas caiçaras. Serão muitas lembranças e a sua pessoa será
lembrada, mesmo com o passar do tempo.
Esperamos continuar trabalhando o que
dele aprendemos. Nossos projetos sempre terão umas idéias dele e isso servirá
também para a formação dos novos agentes de pastoral dos pescadores.
Olinda, 11 de
setembro de 2012
Conselho Pastoral dos Pescadores
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