Grupo
teme impactos negativos de prospecção de petróleo nas bacias
de
Pernambuco e Paraíba
Lideranças do
Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais de Pernambuco (MPP-PE), da
Articulação das Colônias e Associações de Pescadores do Litoral Sul e
representantes das colônias de Jaboatão, Cabo, Ipojuca, Sirinhaém, Rio Formoso,
Tamandaré e São José da Coroa Grande e Carne de Vaca se reuniram com
representantes da Ecology Brasil e da Spectrum, no último dia 10, na Colônia dos Pescadores Z-08, em Gaibu. No encontro, foram
discutidas as condições em que será realizada a pesquisa sísmica marítima para
prospecção de petróleo, nas bacias de Pernambuco e da Paraíba, prevista para
abril e maio deste ano.
Foto ilustrativa (assembleia da Colônia Z 08 do Cabo) 2017. |
Frente aos
questionamentos dos pescadores, que temem ser prejudicados, representantes das
empresas explicaram que o Ibama classificou a pesquisa com risco ambiental 3,
ou seja, baixo. “Por isso, consideraram desnecessário um estudo de impacto
ambiental. Também informaram que a tecnologia de pesquisa é 2D, o que significa
que não vai impedir os pescadores de exercer sua atividade”, comentou a educadora
social do Conselho Pastoral da Pesca (CPP-NE), Laurineide Santana. As
empresas também garantiram que, se houver danos materiais, os pescadores serão
indenizados.
Os pescadores também
questionaram a decisão do Ibama que, sem os ouvir, licenciou a prospecção de
petróleo. “Além de não nos consultar, já que é em nosso território pesqueiro
onde esse trabalho será feito, o Ibama não levou em consideração os diversos
pontos pesqueiros na área”, reclamou o representante da Associação dos
Pescadores de Gaibu, Edinaldo Freitas.
O grupo também quis
saber quem assumirá os danos e prejuízos financeiros, caso os pescadores
tiverem de parar suas atividades. “Por tudo isso, decidimos acionar o
Ministério Público Federal para que seja elaborado um Termo de Ajuste e Conduta
com o objetivo de garantir que não haja prejuízo material e na produção
para pescador”, comentou Rogerio Menezes, pescador da praia de Gaibu.
ENTENDA
O CASO – A última pesquisa sísmica, realizada em 2010, causou
diversos prejuízos aos pescadores artesanais. Além de dificuldades para
navegar, muitos deles perderam sua produção, redes, covos e até gelo. “Na
época, as empresas fizeram apenas algumas ações coletivas, a partir de um plano
de compensação que não levou em conta os danos individuais”, lembra Jorge
Marques, presidente da Associação dos Pescadores da ilha do Maruim.
A prospecção de
petróleo também teve impactos negativos no ambiente marinho, pois interferiu na
reprodução dos peixes. “Tivemos sérios problemas com o período de correção, que é o ciclo migratório do Sirigado, e isso acabou
prejudicando a pesca e a reprodução da espécie. Agora a agregação das Caranhas pode
estar ameaçada, principalmente pela emissão de ondas sonoras e jatos de água”,
diz Severino Santos, do Conselho Pastoral dos Pescadores.
SOBRE
O MOVIMENTO - O Movimento de Pescadores e Pescadoras
Artesanais de Pernambuco (MPP-PE) foi fundado em 2010, dando continuidade
a movimentos sociais de pescadores precedentes, e luta pela garantia
dos direitos da categoria. Estimativas do MPP apontam que em torno de mais de 1
milhão de brasileiros exerce a pesca artesanal, que é uma importante fonte de renda e alimentação para a
população brasileira, representando cerca de 70% do pescado, no mercado
nacional.
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