O ano de 2005
foi um ano de graças para a comunidade de pescadores e pescadoras artesanais de
Barra de Sirinhaém. A chegada das irmãs Franciscanas Bernardinas na comunidade
contribuiu para a transformação; imbuídas do evangelho de Jesus Cristo revelado
aos pobres, contribuíram para a mudança dos fracos e oprimidos em atores e
protagonistas de sua história, proporcionando assim a união e a organização dos
pescadores e potencializando a luta pela libertação e conquista de seus
direitos.
A Galileia das
irmãs Franciscanas Bernardinas em Pernambuco, é a comunidade de pescadores e
pescadoras de Barra de Sirinhaém, na recém-criada paróquia de São Francisco de
Assis. Estando oprimidos pelo poder dominante, nenhuma força de libertação até
então havia ressoado até a chegada das irmãs Franciscanas. Uma comunidade
pequena com menos de 8 mil habitantes, mas com tantas contradições sociais, em
que o poder público e judicial local é dominado pelo poderio das usinas de cana
de açúcar da região e latifúndios, que oprimem e marginalizam os que reagem
e se levantam contra as opressões.
As irmãs
Bernardinas tiveram a missão de abrir poços, onde a água e a sede por
conhecimento e libertação se misturavam: com a falta de informação, o
preconceito moral, religioso e a exclusão social. Diante do observado e
vivenciado no dia a dia, as irmãs imbuíram-se da presença do Deus vivo,
passando a contribuir com os anseios dos pescadores e pescadoras, respeitando
sua cultura e estimulando sua organização.
Os pescadores e
as pescadoras estavam há mais de 20 anos em situação de total desarticulação, deixando
os sinais de morte enraizar-se, na comunidade com a
ampliação para comunidades pesqueiras vizinhas, como pudemos observar na
expulsão das mais de 56 famílias das
ilhas do estuário do rio Sirinhaém.
A colônia de
pescadores, organização de classe e de representação dos pescadores e
pescadoras do município há mais de 10 anos não realizava assembléia, nem
prestava contas de suas ações para os associados e ainda se negava a prestar
qualquer serviço a favor dos pescadores e pescadoras. A estrutura física da
organização (sede) estava destruída e sem condições de funcionamento; grande
parte das mulheres precisavam migrar para o litoral norte na busca por pescados
como: Aratu e Marisco, já que a poluição com as descargas de vinhaça da usina
acabava com a produção dos estuários.
Como boas
articuladoras, e na busca da construção de um reino fraterno e inclusivo, em
que os pescadores e pescadoras se percebessem como imagem e semelhança de Deus,
as irmãs conquistaram o respeito e admiração de todos da comunidade de Barra de
Sirinhaém. Grande parte das mulheres pescadoras, não tinham seus direitos
reconhecidos, e muitas vezes eram desrespeitadas dentro da comunidade. Com o
estimulo ao auto conhecimento pessoal e valorização dos espaços coletivos de
reflexão, as mulheres recuperaram suas auto estimas e hoje dominam as
discussões na organização da comunidade.
Toda missão é um
caminhar rumo à terra prometida, é um abrir caminhos para que outros possam
juntos com outros transformarem, as forças geradoras de opressão em espaços de
dialogo e de partilhas de forma igualitárias e solidárias entre os lutadores e
lutadoras na construção do reino. As irmãs Bernardinas Franciscanas souberam
como poucos vivenciar o evangelho, sendo mediadoras sem tomar a frente da luta;
contribuindo para a transformação da comunidade, em que homens e mulheres, de
forma coletiva construíram suas metas e objetivos na busca de um mundo melhor e
fraterno.
As irmãs
contribuíram e ainda tem muito a contribuir com o resgate do trabalho pastoral
junto às famílias de pescadores e pescadoras artesanais do litoral sul de
Pernambuco, com a missão de ser sal e luz. Vamos colocar óleo nas lamparinas e
vigiar para que aconteçam as transformações almejadas pelas comunidades
pesqueiras. Devemos celebrar com alegria as vitórias alcançadas e vigiarmos,
por que o senhor é bom, e sua benignidade dura para sempre!
Pela Equipe do CPP Nordeste.
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